quinta-feira, 12 de abril de 2012

Jornalistas e estudantes discutem os riscos da profissão


Em mais uma noite de auditório lotado, a mesa redonda de Jornalismo de Risco focou os perigos da cobertura

Os riscos da cobertura jornalística foram tema da mesa redonda desta quarta-feira (11), na III Semana de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará (UFC). O debate foi liderado pelos jornalistas Plínio Bortolotti, diretor institucional do Grupo de Comunicação O Povo, Agostinho Gósson, ouvidor da UFC e ex-professor do curso de Jornalismo e Ronaldo Salgado, professor da mesma universidade. Para saber mais sobre os convidados da Semana, confira os perfis.

Agostinho Gósson foi repórter
de grandes jornais do Brasil.
Ronaldo, mediador da discussão, iniciou a noite alegando que “a profissão de jornalista é uma profissão de risco”. Plínio concordou e, em uma fala que gerou risos à plateia que lotou o auditório Rachel de Queiroz, disse que todo jornalista acaba sofrendo ameaças. O perigo para cobrir uma pauta pode ser claro para o profissional desde a sugestão da matéria ou surgir apenas no decorrer da apuração, mas a decisão de continuar uma cobertura que o põe em situações de insegurança é feita por ele próprio. “Cada jornalista estabelece o limite de risco que está disposto a correr”, afirma o diretor.

Agostinho Gósson apontou que, em 2011, estima-se que 127 jornalistas morreram em atividade. Os riscos oferecidos pela profissão não se enquadram somente na cobertura de guerra ou de conflitos urbanos, mas também nas condições inóspitas e exposição a doenças durante o acompanhamento de calamidades, como enchentes e epidemias. Em 35 anos de jornalismo, ele já passou por algumas situações perigosas, desde ter uma arma apontada para si mesmo e para o fotógrafo que o acompanhava em uma cobertura, até ser levado para prestar depoimentos na Polícia Federal na época da Ditadura Militar.

“Quanto custa a vida de um jornalista?”, questionou Agostinho quando observou que esse risco é mal coberto do ponto de vista empresarial. “É apenas uma profissão, não é um ato de heroísmo. Você pode fazer de maneira honrosa e corajosa, mas preservando primeiro a sua vida”, ressalta o ouvidor e professor aposentado da UFC.

Roberta Souza, aluna do 3º semestre de Jornalismo da UFC, conta que estava ansiosa para a mesa redonda sobre Jornalismo de Risco. “O tema remete a muitas discussões, principalmente no campo ético, que são de fundamental importância pra nós que estamos em processo de formação e também para os jornalistas já formados”, afirma a estudante.

Mais fotos do debate na nossa fanpage no Facebook.

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